HIPOCONDRIA EM FOCO

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Significado do dicionário:

Afecção mental em que há depressão e preocupação obsessiva com o próprio estado de saúde: o doente, por efeito de sensações subjetivas, julga-se preso a condições mórbidas na realidade inexistentes e passa a procurar, permanentemente, tratamentos que, além de descabidos, são muitas vezes perigosos (medicações, intervenções cirúrgicas, etc.).

ou seja acha que está sempre doente.

O que quer dizer hipocondríaca?

Hipocondríaca, na verdade, é o nome dado a pacientes que tem tendência a se achar doentes, supervalorizando sintomas e por vezes até mesmo inventando-os ( mesmo que o próprio paciente pense ser real).

Desta forma, apresenta compulsão por buscar auxilio médico, ou pior, busca auto-medicação, muitas vezes sendo aconselhada por leigos ou farmacêuticos sem conhecimento necessário para diagnosticar o problema.

Tais pacientes em geral beneficiam-se de acompanhamento psicológico, preferencialmente com psiquiatra (que é médico, e não atende apenas pessoas malucas, como muitos pensam).

Vale lembrar ainda que tais pacientes não simulam sintomas porque querem, e em geral quando procuram o médico por tais sintomas, revelam a necessidade de ajuda, muitas vezes para problemas particulares que vem enfrentando em casa, devendo ser tratadas com respeito e dignidade; quando muitas vezes uma boa conversa, sincera e honesta entre médico e paciente pode fazer a diferença

domingo, 9 de maio de 2010

Hipocondria: a doença é fictícia, mas o sofrimento é real.

Eles estão em toda parte e nas mais distintas classes sociais. Reclamam sempre das doenças e não podem passar sem médicos nem medicamentos. Não são verdadeiramente doentes, mas hipocondríacos, pessoas que têm compulsão por medicamentos.  Segundo especialistas da Unicamp, como no Brasil não tem tradição de vigilância farmacêutica, de cada três medicamentos comprados, dois são adquiridos sem receita médica. Os hipocondríacos se destacam, tanto para o grupo social como para o médico, que sofrem de muitas doenças. Na verdade, afora aquestão de origem psíquica que os leva aos consultórios e farmácias, estão muito bem de saúde.

No setor de emergência da Santa Casa de Fortaleza, a presença de hipocondríacos é constante. Não raro e tem uma pessoa na fila de espera morrendo de mentirinha, se for possível até brigando por prioridade para postar-se diante do médico e contar que está a morte. E estão surgindo os falsos hipocondríacos, pessoas normais que vão aos médicos queixar-se de problemas que não tem. Objetivo: conseguir atestados médicos e faltar o trabalho.

Ouvi médicos, psicóloga e pessoal de apoio sobre o que leva tanta gente sã aos hospitais à procura de cuidados especiais. As pessoas entrevistadas não trabalham com um número de hipocondríacos, porém afirmam que eles estão sempre brigando para serem atendidos. Pode se até imaginar a hipocondria como uma questão de saúde pública. Mas é preciso definir caso a caso, o que implicaria num processo enorme.

Os falsos doentes estão sempre a lutar por um bom lugar na fila de atendimento médico. Mas, aí está uma outra questão para ser detidamente refletida. Se o profissional de saúde perde tempo escutando as doenças que o hipocondríaco diz ter, até porque não pode deixar de atendê-lo, por um princípio moral e humanitário, deixa de prestar assistência de saúde a quem realmente está precisando dela. E muitas vezes morrendo à falta dela.

As emergências chegam a ser problema de saúde pública

Dr. Ricardo Bravo, clinico geral, é natural do Chile, e está atendendo na emergência da Santa Casa de Fortaleza desde outubro de 2009.

Segundo o médico, os casos de hipocondríacos estão divididos em dois grupos, o falso hipocondríaco, aquele que ingeriu bebida alcóolica no fim de semana e chega no dia seguinte dizendo que está passando mal. Temos muitos casos também que o paciente chega para uma consulta quando precisa viajar e quer atestado médico, embora não tenha doença alguma. Quer um atestado gracioso. O Dr. Ricardo informa que é muito difícil enganar o profissional. E explica que, no momento em que a pessoa que será consultada abre a porta do consultório, a consulta já está sendo feita, pela linguagem corporal, pela forma de comunicar seus sintomas, faz mais ênfase no atestado do que na doença.

E existe o verdadeiro hipocondríaco. Este precisa, realmente, de tratamento psiquiátrico. É comum nesses casos o paciente ter depressão. Eles chegam com doenças multiplas imaginárias, sintomas desconexos como, por exemplo, se queixam de estar com dor no ouvido. Em seguida, diz que a dor está localizada nos pés, ou na barriga, migra para a cabeça, e assim por diante. Segundo Bravo, esses casos normalmente são de pessoas de sexo feminino.

Esse número, pelo volume, chega a ser um problema de saúde pública. O atendimento nas emergências hospitalares deveriam passar por uma triagem, que fosse feita por um profissional de enfermagem, para que, a partir daí, passasse a ser otimizado o serviço. Muitos casos não deveriam estar sendo atendidos por um clinico geral, ou por um médico emergencista. Além disso, temos cerca de 30% dos atendimentos, que são casos de ortopedia e não emergência, isso sobrecarrega o atendimento, e atrasa a consulta de quem realmente está precisando de um atendimento de emergência.

Hipocondríaco depressivo

A seguir, depoimento de Maria de Oliveira, que há 35 anos sofre de hipocondria depressiva. Ela admite a doença, e afirma que até o momento não encontrou solução para o problema.

Maria de Oliveira, 54 anos, conta que desde jovem aos 19 anos de idade passou a olhar diferente as prateleiras de remédios das farmácias, segundo ela diz que sempre teve problemas de insônia seguido de depressão, e aderiu tomar medicamentos controlados, vendidos somente sobre prescrição médica, dentre eles "diazepan", seguido com comprimidos para supostas dores no ossos, artrites, artroses, dores nas pernas, costas, cabeça, depressão, nervos.

Hoje já mais amadurecida senhora Oliveira admite o problema, diz que sempre sentiu a necessidade de tomar remédios e afirma que há vários anos não tem interesse nenhum em sair de casa para nada, revelando que no fundo acho que o que me falta mesmo é a vontade de viver.

Muitos não assumem que são doentes

Temos o depoimento de uma pessoa hipocondríaca, que faz questão de não assumir a doença, e alega que nunca teve nenhum problema de saúde.

Francisca de Sousa, foi entrevistada sobre hipocondria, pois segundo pessoas  próximas a ela afirmam que ela tem a doença, mas não gosta de falar sobre o assunto.

Ela é auxiliar de enfermagem com 38 anos, e conta que "os pacientes que eu cuido" sentem muitas vontades de fazerem exames, tipo ultra-som, eletrocardiogramas para ver como está o coração, sempre acham que a pressão está elevada principalmente quando vêem um aparelho que verifica a pressão arterial, que o colesterol está elevado.

E quando perguntada sobre a saúde dela, nos diz"olha eu não sinto nada viu, são os pacientes que atendo", já encerrando a entrevista bastante alterada.

sábado, 8 de maio de 2010

Doenças de mentirinha lotam as emergências e prejudicam doentes

Numa emergência hospitalar onde são atendidas 220 pessoas a cada dia, os casos inusitados e até hilariantes não passam despercebidos da equipe que se desdobra no atendimento aos pacientes. Uma considerável parcela em torno de 20 por centos reside no centro da cidade, proximidades de Santa Casa. Chegam ao posto na maioria das vezes a pé e retornam as suas casas sempre no mesmo dia, medicado ou alimentado.

Segundo Vilma de Souza Viana, que desde 1988 trabalha na Santa Casa no setor de marcação de consulta na emergência nos conta com detalhes de casos, como a da senhora Rita de Cássia, 72 anos, que procura quase que diariamente a instituição, se lamentando de dores como na coluna, nos pés, artrites, artroses, pois sabe que não é difícil ter diante de sí um médico plantonista, mas na opinião de Vilma no fundo mesmo não passa é de carência de afeto. Muitos deles são mal tratados em suas casas, ou não tem nenhuma companhia, e vão em busca de alguém para conversar para que seja confortada, uma palavra amiga, um aperto de mão, acontecem casos de irem aguardarem na fila e quando chegam na sua vez dizem não sentir mais nada, vim só olhar para vocês, isso me faz tão bem.
Temos casos também como o da senhora Maria de Lurdes, 67 anos, chegando a simular dores ou doenças para teram diante de si um médico platonista. Quem fala sobre o assunto é a auxiliar de enfermagem Joelma Maria Cipriano que está na emergência da Santa Casa, desde 1986, essa senhora chega sempre na instituição se lamentando dizendo "estou tão fraquinha" passa por uma consulta e é encaminhada a um leito para tomar soro, olha com um olhar triste para a auxiliar e diz com os olhos cheios de lágrimas "eu estou mesmo é com fome, faz tempo que não me alimento, trocaria esse soro minha filha por alimento" a auxiliar de enfermagem se compadece da situação e logo providencia um prato de comida para a idosa. Nos conta que isso é rotina da casa.

Outras situações que também acontecem na emergência, são pessoas que são viciadas em medicamentos controlados, como diazepan, que estão diariamente nas filas da emergência da Santa Casa, alegando dores, e que precisam do medicamento, pois não tem dinheiro mais para comprá-lo. em muitos casos essas pessoas alternam horários para que peguem sempre médicos diferentes para que não sejam notados.

Vale salientar que muitos casos que existe na Santa Casa, se quixando de dores ou doenças as mais diversas estão no mínimo, ocupando lugar daqueles que realmente necessitam de medicina de emergência.